Armazém 6

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Uma questão de segurança

Se têm seguido os acontecimentos no Armazém 6, sabem que há pouco tempo foi instalada uma porta de segurança que apenas abre com um cartão específico que só tem direito quem lá trabalha.

Foi uma enorme confusão no início. (ver "O Homem da maratona")
Mas agora a coisa está mais ou menos estabilizada.
Todos temos cartão que funciona e abrimos a porta sem problemas.

Esta porta de segurança nasceu da necessidade de restringir a entrada a qualquer estranho no Armazém 6, de modo a que ninguém tivesse oportunidade de, por exemplo, roubar pacotes de açúcar.

- É assim: A partir de agora ninguém entra aqui e não sei quê. Quem quiser entrar e não sei quê, é assim, tem de bater à porta. É assim: são questões de segurança. - dizia Cabeça de Fósforo orgulhosa do seu feito.

Mas o problema da segurança agravou-se...

Cabeça de Fósforo e Sapo Atropelado andavam todo o dia a levantar-se para abrir a porta a quem batesse sonoramente.

A senhora da limpeza.
O senhor do correio interno.
O segurança.
A senhora que secretamente entrega os pacotes de açúcar a Cabeça de Fósforo.
O senhor da manutenção do ar condicionado.
O Torto.
O Louro.
Outros técnicos de informática.
etc.
etc.
etc.

De modo que, como vêem, o movimento é muito e as batidas frenéticas no portão incomodam com o seu barulho metálico, visto baterem no portão grande de metal, bem mais ruidoso. Bater na porta de segurança, na maioria das vezes, não resulta. Não se ouve.
A distância entre o sítio onde se senta Cabeça de Fósforo e a porta ainda é alguma e ela andava centenas de metros por dia.

Mas o objectivo cumpria-se: Não entra ningúem que não se veja quem é.
Por questões de segurança...

Hoje, no Armazém 6, Cabeça de Fósforo teve uma ideia brilhante.

Mandou colocar uma campainha do lado de fora do Armazém 6.
A campainha toca.
Cabeça de Fósforo ou Sapo Atropelado abrem a porta automaticamente do seu lugar sem precisarem de se levantar.

Estão muito contentes com a invenção.
Já não se levantam nem vêm quem entra ou sai.

Agora pergunto:

Então e a questão de segurança?
Qualquer um entra afinal...
Basta tocar à campainha...