Não há almoços de graça
Depois desta esmagadora notícia no Armazém 6, tudo mudou.
As armazenadas já não eram as mesmas de outrora. Chegavam pontuais de manhã, saíam pontuais à tarde. Nunca mais vi uma que fosse trabalhar de chinela de plástico do MacDonalds (coisa que foi hábito durante muito tempo). Trabalhava-se em silêncio e as mais intriguistas só exerciam a actividade frenética de dizer mal dos outros durante os intervalos (antes era a toda a hora, no meio dos "clip-cleps" do saca-agrafes). Aliás, esta importante actividade, que sempre esteve presente no Armazém 6, era agora de uma monstruosidade hérculea! Nas casa-de-banho surpreendia pares e trios de armazenadas, que imediatamente se calavam e se metiam em movimento quando alguém não inserido no "grupo delas" entrava por acaso. Depois das 6 da tarde, algumas atrasavam-se de propósito para poder exercer a sua actividade sem risco de serem ouvidas.
Uma vez, duas das armazenadas chegaram ao extremo de comunicar que não iriam trabalhar em determinada tarde. O objectivo era poderem ter tempo suficiente para a "actividade".
Bem, somos livres de falar e de faltar ao trabalho, é certo. A questão é que o ponto de encontro das duas "armazenadas" foi precisamente ali! No armazém do lado, o número 7, onde trabalhava um velho zarolho que sempre ficava feliz com a companhia de "malta jovem e fixe".
O problema estava grave e profundamente instalado nas vidas de todas as "armazenadas".
- Quem é que vai ser despedido?
- Quem é que vai ficar na merda?- perguntavam ansiosas mas, ao mesmo tempo, com um sorriso sádico no rosto.
A estratégia era parecer o mais ocupadas possível no armazém 6, dar graxa a Cabeça de Fósforo e Sapo Atropelado (talvez elas dessem uma "palavrinha" a Patrão Bigodes em seu favor) e sobretudo, o mais esgotante, era fazer parecer que todas as "armazenadas" não eram dignas de tirar agrafes, à excepção delas próprias.
- Quem é que não puxou o autoclismo? É sempre a mesma merda! Como é que querem arranjar trabalho se não são capazes de ter higiene?
- Estas gajas devem pensar que num trabalho a sério podem faltar para ir ao médico! - diziam acerca de uma que estava grávida e tinha ido fazer uma ecografia.
- Não sei como é que o Patrão bigodes pode ter gente com piercings a trabalhar para ele! A culpa desta merda toda é dele! Sim! Todinha!
- Hoje à noite vou cozinhar mãos de vaca, ó Sapo Atropelado, amanhã não tragas almoço, comes do meu. - diziam isto em alto tom de voz para que todos ouvissem e, depois acrescentavam para o auditório do armazém - Sim! As minhas mãos de vaca não são para quem quer! É para quem merece!
E assim se passaram dois meses.
Por altura do Natal, chegou ao Armazém 6 uma nova equipa de trabalho da empresa "bué da cara e bué da organizada" que vinha substituir a pequena e familiar de Patrão Bigodes. Deviam colaborar com Sapo Atropelado e Cabeça de Fósforo ao mesmo tempo que serviam de seus supervisores e dos novos sacadores-de-agrafes, frescos e motivados.
Mas nem tudo correu bem para as duas seniores...
Não perca o próximo episódio...
As armazenadas já não eram as mesmas de outrora. Chegavam pontuais de manhã, saíam pontuais à tarde. Nunca mais vi uma que fosse trabalhar de chinela de plástico do MacDonalds (coisa que foi hábito durante muito tempo). Trabalhava-se em silêncio e as mais intriguistas só exerciam a actividade frenética de dizer mal dos outros durante os intervalos (antes era a toda a hora, no meio dos "clip-cleps" do saca-agrafes). Aliás, esta importante actividade, que sempre esteve presente no Armazém 6, era agora de uma monstruosidade hérculea! Nas casa-de-banho surpreendia pares e trios de armazenadas, que imediatamente se calavam e se metiam em movimento quando alguém não inserido no "grupo delas" entrava por acaso. Depois das 6 da tarde, algumas atrasavam-se de propósito para poder exercer a sua actividade sem risco de serem ouvidas.
Uma vez, duas das armazenadas chegaram ao extremo de comunicar que não iriam trabalhar em determinada tarde. O objectivo era poderem ter tempo suficiente para a "actividade".
Bem, somos livres de falar e de faltar ao trabalho, é certo. A questão é que o ponto de encontro das duas "armazenadas" foi precisamente ali! No armazém do lado, o número 7, onde trabalhava um velho zarolho que sempre ficava feliz com a companhia de "malta jovem e fixe".
O problema estava grave e profundamente instalado nas vidas de todas as "armazenadas".
- Quem é que vai ser despedido?
- Quem é que vai ficar na merda?- perguntavam ansiosas mas, ao mesmo tempo, com um sorriso sádico no rosto.
A estratégia era parecer o mais ocupadas possível no armazém 6, dar graxa a Cabeça de Fósforo e Sapo Atropelado (talvez elas dessem uma "palavrinha" a Patrão Bigodes em seu favor) e sobretudo, o mais esgotante, era fazer parecer que todas as "armazenadas" não eram dignas de tirar agrafes, à excepção delas próprias.
- Quem é que não puxou o autoclismo? É sempre a mesma merda! Como é que querem arranjar trabalho se não são capazes de ter higiene?
- Estas gajas devem pensar que num trabalho a sério podem faltar para ir ao médico! - diziam acerca de uma que estava grávida e tinha ido fazer uma ecografia.
- Não sei como é que o Patrão bigodes pode ter gente com piercings a trabalhar para ele! A culpa desta merda toda é dele! Sim! Todinha!
- Hoje à noite vou cozinhar mãos de vaca, ó Sapo Atropelado, amanhã não tragas almoço, comes do meu. - diziam isto em alto tom de voz para que todos ouvissem e, depois acrescentavam para o auditório do armazém - Sim! As minhas mãos de vaca não são para quem quer! É para quem merece!
E assim se passaram dois meses.
Por altura do Natal, chegou ao Armazém 6 uma nova equipa de trabalho da empresa "bué da cara e bué da organizada" que vinha substituir a pequena e familiar de Patrão Bigodes. Deviam colaborar com Sapo Atropelado e Cabeça de Fósforo ao mesmo tempo que serviam de seus supervisores e dos novos sacadores-de-agrafes, frescos e motivados.
Mas nem tudo correu bem para as duas seniores...
Não perca o próximo episódio...
1 Comments:
Seja bem aparecida Bruaca! Essas suas histórias devem ser contadas. Deve isso à humanidade!
By para mim, at 8:48 da tarde
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