Armazém 6

quarta-feira, abril 19, 2006

A verdadeira história de Regina Cláudia

Cláudia nem sempre se chamou assim.
Antes era Regina.

Decidiu mudar o nome de Regina para outra coisa qualquer.
Foi à conservatória informar-se e regressou decidida a arranjar argumentos passíveis de ver deferido o seu processo.

A senhora da conservatória era muito compreensiva.
Imagine-se: O seu nome do meio era também Regina!

( A meu ver poderia sentir-se ofendida, no entanto mostrou toda a sua compreensão)

A ainda Regina tratou então com enorme preserverança tratar de todos os papeis necessários para a tão desejada mudança.

A juntar a todo o processo deveriam constar as razões dela para mudar o nome de Regina.

Estes argumentos foram:

1) Regina é parecido com vagina
2) É nome de chocolate
3) É um anagrama de Ginera (uma conhecida pílula contraceptiva)
4) Existe pelo menos uma revista pornográfica onde uma das "actrizes" se chama Regina

Com esta argumentação, dirigiu-se de novo à conservatória na esperança de encontrar a mesma funcionária Regina.

Regina, a funcionária, estava e atendeu-a.

Depois de muitos protestos, argumentando que aqueles não eram motivos suficientes para deferir o processo. A ainda Regina sentiu-se desesperada.

Parecia um caso difícil de resolver.

No entanto, há golpes de sorte!!

Regina, a funcionária, mudou de departamento na conservatória. Ao que parece por atritos pessoais com os colegas do departamento onde trabalhava.
Regina, a funcionária viu-se impelida a vingar-se dos agora ex-colegas.
E como?
Pois...
Nada mais nada menos que deferindo o processo de Regina, a "armazenada".
Entrou em contacto com Regina, a "armazenada", dizendo-lhe que lhe trouxesse de novo a documentação toda, que talvez se conseguisse alguma coisa afinal de contas.

Regina, a "armazenada", reuniu as papeladas todas.
Todas?
Não.
Quase todas...
Uma prova resistiu:
A revista pornográfica!

Regina viu-se confrontada com um grave problema. Como levar a revista?
Andou durante semanas (sim, semanas!) para arranjar uma solução.
Até que descobriu a ideal.
Conseguiu, não sei onde, arranjar um daqueles sacos da PJ, para meter provas de crimes, completamente selado e inviolável.
Colocou a revista, brilhante e nova em folha, no saco, selou e partiu para mais um encontro com Regina, a funcionária.

Deste novo encontro sei poucos pormenores, porque Regina, a "armazenada" pouco me contou e eu, a este ponto estava completamente atordoada a ouvir a história.

Mas o resultado final foi realmente o processo deferido e agora Regina não o é mais. Chama-se Cláudia!

Agredecendo a uma funcionária, de nome Regina, com alguns instintos vingativos e, certamente, com algum poder dentro da conservatória, Cláudia conseguiu!
Ao fim de dois anos consegiu!

Para finalizar esta mirabolante história ainda há um outro pormenor:

Não sei porque razão mas, quando Cláudia viu o seu processo deferido foi contactada de novo para se dirigir à conservatória buscar as provas que, na realidade, eram dela.
Ou seja, foi notificada para ir lá buscar a dita revista.

O olhar de Cláudia quando me contou que quando recebeu o envelope da PJ este tinha o dobro da grossura do original era, de facto, de meter dó.
Aquela revista tinha sido manuseada, vista, revista e lida por muitas pessoas!
Por isso tinha o dobro do volume, com as páginas amarrotadas e dobradas!

Imagino o pagode naquela repartição!

Imagino também em quantas Cláudias não haverá em revistas do género.
Bom, é certo que não é anagrama de nada, o que, apesar de tudo, é menos grave!