Armazém 6

quarta-feira, novembro 30, 2005

Resolvido!

Hoje apareceu finalmente o Louro para reparar o problema que há dias assola a produção no Armazém 6.

Primeiro, ouvi o chiar de pneus. "É ele!" , pensei.
Depois vi-o entrar.
Ele, sentou-se ao computador, um de cada vez.
Demorou-se cerca de 3 minutos em cada um.
Dirigiu-se a Cabeça de Fósforo.
Sussurou-lhe algo incompreensível.
E foi-se embora...

Ainda ouvia o chiar dos pneus do Smart do Louro, já Cabeça de Fósforo anunciava:

"É assim: os computadores já estão a trabalhar e não sei quê.
É assim, até que era, tipo, facil de resolver!"

segunda-feira, novembro 28, 2005

É preciso ter calma

Hoje, no Armazém 6, o Louro não apareceu...
Tentei, timidamente sugerir o que fazer para poder gravar o ficheiro (ver post anterior).
Responderam-me:
"Man! Take it easy!"
Qualquer dia expludo...

domingo, novembro 27, 2005

Uma Questão de Cor

Imaginem que estão ao computador e que estão a escrever algo num normal ficheiro de Word.
Imaginem agora que gravam esse ficheiro com o nome de, por exemplo, "abc.doc".
Imaginem que criam um outro ficheiro Word.
Imaginem agora que gravam esse ficheiro com o nome de "abc.doc".
O que é que acontece?
Exacto!
Aparece algo deste género, independentemente da língua:






Todos conhecemos estas mensagens comuns do Word.

Todos?

Todos não...

Cabeça de fósforo, supostamente a responsável do departamento onde trabalho e onde existem 15 computadores operacionais 8 horas por dia, resiste...

Era necessário gravar um ficheiro igual e com o mesmo nome.
Não foi possível.

Cabeça de Fósforo pensou e arranjou uma hipótese:

Gravar o ficheiro como abc.DOC.
Com a extensão escrita em letra maiúscula...
O computador insistiu em devolver a mesma mensagem...

Cabeça de Fósforo pensou e arranjou uma segunda hipótese:

Antes de gravar o ficheiro, alterar-lhe todo o conteúdo.
Como?
Mudando a cor da letra...
Seleccionou todo o texto e deu instruções para que aquela letra fosse vermelha...

- É assim: assim o ficheiro já não é igual e não sei quê... - exclamou orgulhosa de ter conseguido solucionar tão rápida e desenrascadamente o problema.

Mas:





- É assim: Vou chamar o Louro*....

E retirou-se cabisbaixa...

* O Louro é o técnico informático descrito no post "O Homem do Smart", ver 6 de Setembro 2005.



quarta-feira, novembro 23, 2005

Emergência

Hoje, no Armazém 6, uma das "armazenadas" que está grávida de seis meses, anunciou:
"Já tenho o número da ambulância, se me acontecer alguma coisa, posso ligar logo..."
Pensei...
Mas não é o 112?

O Homem da Maratona

Na sequência do atribulado episódio dos pacotes de açúcar hoje, no Armazém 6, chegaram uns senhores de fato-de-macaco para colocar uma nova porta de acesso ao armazém.
Esta é a porta principal, é a porta pequena.
Também há uma porta grande mesmo ao lado da pequena.
Estas duas portas têm também uma história engraçada que em breve partilharei.
No Armazém 6 existe uma terceira porta, a das traseiras, que está directamente ligada a um alarme ensurdecedor, quem quer que a tentasse abrir seria imediatamente denunciado.
Estes senhores de fato-de-macaco vieram de emergência, solicitados por Cabeça de Fósforo, colocar uma porta de segurança.
Só abre com um cartão magnético que, ao menos isso, todos temos.
Deste modo só nós mesmos podemos entrar no Armazém 6.
Cabeça de Fósforo exaltada anunciava:
"É assim, a partir de agora nunca mais ninguém aqui entra para roubar os pacotes de açúcar e não sei quê. É assim, quem quiser entrar tem de ter o cartão."
Demoraram uma manhã inteira para instalar a porta.
Finalmente parecia terminado o trabalho e Sapo Atropelado resolveu ir inspeccionar.
Deu-se conta que a porta só tinha fechadura por dentro, por fora tem uma ranhura onde devemos passar o cartão e, então, racicionou:
"Se a porta só tem fechadura por dentro, só pode ser fechada por dentro. Então como é que o segurança vai sair quando vier às 18h fechar o Armazém?"
Parecia um problema difícil de resolver...
Chamou o segurança...
Ele apareceu e Sapo Atropelado comunicou-lhe pomposamente a sua descoberta.
"Tipo. Naquela. Como é que vai sair? A porta só fecha por dentro..."
O segurança, sucumbido, examinou a porta e, ao mesmo nível lógico, pensou que realmente Sapo Atropelado até tinha razão.
Ficaram uns largos segundos em silêncio, coçando a cabeça ela e as partes ele...
Até que Sapo Atropelado, levantou a voz e exclamou:
"Já sei!"
-O senhor - dirigindo-se ao segurança - quando vier fechar o Armazém, fecha a porta por dentro, telefona ao seu colega, pede-lhe para desactivar os alarmes durante um minuto, e corre para sair pelas traseiras. Tipo. Naquela. Assim os alarmes não tocam, não é?"
O segurança, um pouco alheado pareceu-me a mim, respondeu:
"É sim minha senhora." e foi-se embora.
Passado umas horas, às 18, veio o seu colega, sacou de um cartão que tinha pendurado ao peito e fechou a porta, que ficará selada até às 9h de amanhã.
Será que Sapo Atropelado amanhã de manhã pensará que aquele segurança de hoje é um bom maratonista?
De qualquer forma, ninguém roubará nem mais um único pacote de açúcar.
E isso é que é fundamental...

quarta-feira, novembro 09, 2005

Andamos todos aos pacotes

Esta história do Armazém 6 remonta há alguns meses. Teve sempre uma continuidade até hoje, onde culminou da melhor maneira.
No Armazém 6, naquela minúscula copa onde circulam os tupperwares de todos, existe uma máquina de café. Todos se podem servir sem custo.
Ao lado dessa máquina existem obviamente os acessórios necessários para quem quer beber o seu cafézinho: Um recipiente com pauzinhos de plástico, copos de plástico pequenos e um cubo de plástico transparente onde estão depositados pacotes de açúcar individuais.

Foi neste cubo que tudo começou...

Há algum tempo descobri, escondida atrás da máquina, uma sinistra embalagem de ColaCao , sem rótulo e já um pouco gasta pela erosão do tempo.
Estava meio cheia (ou meio vazia) de uma substância sólida, granulada e branca.
Aquilo despertou a minha curiosidade e não resisti a perguntar a uma das “armazenadas” se alguma vez tinha reparado na embalagem.
- Pá, atão não sabes?! – surpreendeu-se.
- Eu, não...
- A Cabeça de Fósforo quando bebe café só mete meio pacote de açúcar, a outra metade mete ali dentro para um dia levar a embalagem de ColaCao cheia e fazer um bolo em casa.
- Ah, que giro... – respondi.

A minha cabeça transformou-se num turbilhão. Mas que ideia! A Cabeça de Fósforo bebe, pelo menos, uns quatro cafés por dia.
Não seria mais lógico, guardar as metades e ao fim do dia ter gasto dois pacotes de açúcar?
Mas enfim...

Ao fim de uns dias tive a ideia e a oportunidade....

Doentiamente, sempre que me encontrava livre de perigo, abria o armário da copa, agarrava numa embalagem de sal fino Vatel, que estava lá perdida há uns tempos, e “Zuca!”:
Metia boas doses de sal dentro da lata de ColaCao da Cabeça de Fósforo.
Bem sei. Não devia fazê-lo.
Mas era sempre mais forte que eu.

Isto durou uns quatro meses.À hora de almoço, quando o Armazém 6 se esvaziava, lá ia eu determinada na minha missão.
Se me atrasava às 18h na saída lembrava-me:
“Mais um pouco, vá lá...”, que nem uma criminosa “E ZUCA!!!”

E assim correu o tempo...

A semana passada, o Armazém 6 andava um pouco desanimado..

Não havia café há três dias...

No primeiro dia algumas iam ao Torto, mas também esse café se acabou rapidamente.
Eram verdadeiros tempos de crise.

Na quinta-feira, Sapo Atropelado chegou triunfante de manhã:
- Trouxe café, este café era do Isidro! Sabem, a máquina dela avariou e blá blá blá...
Desta vez todos ouvimos a história completa, pois de alguma maneira lhe devíamos aquele café que em breve estaríamos saboreando.
- Boa!!Xavala! Bué da Fixe! Saca aí um cafézinho...
Mas, de repente, fez-se silêncio....

O cubo....
Estava vazio...
Não havia pacotes de açúcar!!

Foi a desilusão total.

Cabeça de Fósforo viu-se então com a grande oportunidade de usar a sua embalagem de ColaCao.
- É assim. Eu tenho aqui açúcar e não sei quê...
Seguiu-se uma salva de palmas e começou a formar-se uma pequena fila na direcção da máquina.
Eu fingi atrasar-me e fiquei em último. Esperava ansiosa o que estaria para acontecer.
Esperei...
Veio a primeira...
Tirou o café, colocou o açúcar, mexeu, soprou para dentro do copo e bebeu...

- PPPFFFFRRRRR!!!! – Cuspiu o café sujando uma “armazenada” que estava à frente.
- Fosga-se!!!!
- Qué?! Qué que foi minha?!
- Este café é uma merda!!!
- Olha lá, estás a ser parva tábem? Este café foi o meu Isidrinho que trouxe, é do melhor... – choramingou Sapo Atropelado
- Então prova!
A confusão estava instalada...
A “armazenada” que tinha sido atingida pelo café cuspido, estava aos gritos, dizendo que lhe tinham estragado as calças, outras gritavam que queriam provar o café e, atropelando-se umas às outras, discutiam enquanto Sapo Atropelado murmurava nomes carinhosos ao seu Isidrinho.
Todos questionavam a qualidade do café e chegaram mesmo a dizer que este sabia a sal, mas ninguém se lembrara que o defeito poderia vir do açúcar.
Até que Cabeça de Fósforo se acendeu e disse:
- É assim, vou provar o açúcar e não sei quê.
Meteu um dedo dentro da embalagem de ColaCao, e, no suspense da situação, provou.
- É assim, o açúcar está bom e não sei quê. É assim: Sabe a açúcar.

Fiquei surpresa, mas nada disse... Talvez não tivesse apanhado um bocado com sal...

- Mas o café é bom... – insistia Sapo Atropelado.
A confusão durou quase toda a manhã.

Quase à hora de almoço Cabeça de Fósforo encerrou a questão:

- É assim, o café está bom, o açúcar também e não sei quê, por isso, é assim, aquele açúcar deve fazer alguma reacção química com o café que faz com este fique salgado e não sei quê.
Como pareceram mais ou menos todos satisfeitos com a explicação. O assunto morreu ali.
Morreu?
Não.
No dia seguinte o cubo dos pacotes de açúcar ainda viria a dar que falar.
Na manhã de sexta-feira, vieram trazer pacotes de açúcar e encheram o cubo.
Finalmente pode beber-se café decente.
Andava tudo mais bem disposto.

Mas...Depois do almoço, o cubo estava de novo vazio...
Alguém roubara os pacotes de açúcar!

De novo instalou-se a confusão.
Cabeça de Fósforo chamou os seguranças...Andou empenhada para que se instalassem câmaras de vídeo vigilância, para que se pudesse descobrir o ladrão de pacotes de açúcar.
Ao fim da tarde vieram de novo encher o cubo.
Passou-se o fim-de-semana.
Segunda-feira de manhã o cubo estava de novo vazio!
Pelo menos, pensei, nós as “armazenadas” estávamos ilibadas.

Pensei mal...

A meio da manhã Cabeça de Fósforo anunciou:
- É assim, a partir de agora quem quiser um pacote de açúcar e não sei quê tem que me pedir. E fechou os pacotes de açúcar à chave na mesma gaveta onde ainda está a lanterna de emergência (ver o episódio do simulacro de incêndio)!
Assim foi.
Mas como no Armazém 6 ainda somos uns 12, Cabeça de Fósforo passou a manhã de hoje a levantar-se para abrir a gaveta.
- Olha - dizia sempre alguém um pouco tímido – podes dar-me um pacote de açúcar? É que queria beber um café...Cabeça de Fósforo atirava com o pacote e dizia:
- É assim, toma lá...
Passados dez minutos ia outro e outro e outro...Um corrupio...
Então, Cabeça de Fósforo arranjou uma solução:
De meia em meia hora, levanta-se, arrasta os pés até à copa e espreita pela porta na direcção do cubo. Se o cubo está vazio, volta para trás, abre a gaveta, retira 5 pacotes de açúcar, regressa à copa, coloca os pacotes no cubo e volta ao seu lugar.
Se o cubo ainda tem um ou dois pacotes, volta atrás e espera que este esteja vazio (sempre controlando pelo canto do olho quem é que bebe café) para repetir o processo atrás descrito.

Não me parece que o sal no açúcar esteja relacionado com o desaparecimento dos pacotes, mas bem que podia a Cabeça de Fósforo ter fechado a embalagem de ColaCao na gaveta e ter decido enchê-la “controladamente”. É uma questão de segurança, de quem tem o poder do “posto a que já cheguei”Convenhamos...